A Natureza da Mordida Resenha
- Vinicius Monteiro
- 17 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de ago. de 2024

Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.
Sinopse: “O que você não tem mais que te entristece tanto?” É com esta pergunta que Biá, uma psicanalista aposentada, apaixonada por literatura, aborda a jovem jornalista Olívia pela primeira vez ao encontrá-la sentada à mesa de um sebo improvisado. A provocação inesperada, vinda de uma estranha, capaz de ouvir “como quem abraça”, desencadeia uma sucessão de encontros, marcados pela intimidade crescente e que aos poucos revelam as histórias das duas mulheres. “Nossa amizade começou assim, enquanto nos afogávamos”, relata Olívia.
Resenha: "A Natureza da Mordida" foi publicado pela primeira vez em 2018, pela editora independente Quixote+Do. Com o seu primeiro livro, Carla Madeira ganhou uma reedição pela Record em 2021 e tornou-se o segundo livro de ficção mais vendido daquele ano. Em novembro de 2022, "A Natureza da Mordida" foi relançado com nova capa e pequenas alterações em seu corpo.
"A Natureza da Mordida" é manso, deixando o leitor despreparado para um ataque surpresa. Sem entender o que aconteceu com as personagens, elas compartilham memórias soltas uma com a outra, enquanto o eleitor espera ansioso por esclarecimentos.
Narrado pelas duas protagonistas, o livro intercala capítulos de anotações de Biá e relatos dos encontros das duas contadas por Olivia. Quando as duas personagens se cruzam, elas estão na fase mais difícil de suas vidas. Através desse relacionamento, vamos conhecendo outras mulheres, em especial a mãe de Olivia, Laura, e a filha de Biá, Teresa, e aos poucos vamos entendendo o porquê elas estão ali tão machucadas.
Carla Madeira entrega atmosfera magnética mesclando diálogos, fluxos de pensamentos e inclusive, uma ficcional minibiografia de Olívia. A autora escreve como quem revela um segredo e isso torna a narrativa instigante. "A Natureza da Mordida" vai se revelando em camadas alternando o som tom entre dramático e às vezes sombrio.
"A Natureza da Mordida" viaja pelas dores infindas do luto, que na vida das personagens são como feridas abertas. Mas a obra testou a minha paciência, apesar de instigante, o suspense só durou até a metade, até o final do livro tudo ficou chato.
O livro me prendeu e a autora sabe conduzir o leitor a empatia pelas suas personagens, mas é fácil vagar por esta obra, a sensação que eu tive é de que já li essa história antes. Há momentos do livro bem estilo Clarice Lispector, no que diz respeito aos fluxos de pensamento das personagens, que não funcionou para mim. "A Natureza da Mordida" é imersivo, mas se estabiliza em solo já muito usado e conhecido.
Nota: 6
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