Clube da Luta Resenha
- Vinicius Monteiro
- 26 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de abr.

★★★★☆
"Clube da Luta", de Chuck Palahniuk, é um romance que transcende os limites do convencional, mergulhando em um universo de insatisfação, individualidade e a busca por uma identidade autêntica em uma sociedade consumista e alienante.
A história acompanha um narrador anônimo, um homem comum atormentado pela insônia e insatisfeito com sua vida monótona e sem sentido. Em busca de uma saída para seus problemas, ele se envolve com um grupo de apoio para doentes terminais, onde encontra outros indivíduos igualmente descontentes. É nesse contexto que surge Tyler Durden, um personagem enigmático e carismático que propõe a criação do "Clube da Luta", um espaço onde homens se reúnem para lutar, descarregar suas frustrações e encontrar um sentido para a vida.
Talvez muito mais conhecido pelo famoso filme cult do mesmo nome, "Clube da Luta" é um livro sensacional, não por ser bom, mas por ser particular em sua escrita. Não vou comparar o livro com o filme nesta resenha, mas aconselho a vocês que leiam primeiro o livro, para depois assistirem ao filme. Fica a dica!
O livro começa sua história pelo final. É neste momento que já percebemos a narrativa "confusa" de Chuck Palahniuk. Uma hora conduzindo a história para o passado, outra hora para o futuro, às vezes, tudo junto em um único parágrafo. Palahniuk soube trazer uma personalidade para a narração que combinasse com a história contada.
"Clube da Luta" conta a história do… do… do… Bom do narrador sem nome. Uma das coisas mais estranhas quando se começa a ler este livro, você não sabe o nome do personagem que narra a história. Diversas vezes, eu voltava algumas páginas para conferir se não tinha pulado alguma parte, mas não, o personagem não é apresentado pelo seu nome.
Não pense você que com uma narrativa "confusa" e um narrador sem nome, faz "Clube da Luta" um livro necessariamente ruim, pelo contrário, essa "desconstrução" narrativa fica até certo ponto interessante de acompanhar. O grande xis da questão, é que o livro parece ter sido escrito para quem não tem o hábito de ler.
A escrita de Chuck Palahniuk é direta e objetiva, enquanto se lê ao livro, você percebe que a história não tem rodeios, ela parece estar sendo contada em uma mesa de restaurante, onde aquele seu amigo está contando uma história qualquer. Eu não sei dizer ao certo se isso me agradou ou não, mas me causou uma certa estranheza durante a leitura.
Conforme o andar da história temos trechos hilários e curiosos, que fazem o leitor se prender na história. O personagem frequenta grupos de apoio para se sentir melhor, lemos piadas de homens com tetas e brigas em estacionamento de bar. O humor do "Clube da Luta" é sátiro e pesado. Sabe aquelas piadas e cenas engraçadas que damos risadas e rapidamente pensamos "não deveria achar isso engraçado, é errado", pois bem, isso acontecerá com você algumas vezes durante a leitura desse livro.
O livro é predominante masculino, as questões tratadas são para este público. O livro é cheio de violência e questões de desenvolvimento do ser masculino. As críticas do livro rodeiam a necessidade de reafirmação da masculinidade, na discreta e sutil alfinetada ao capitalismo, sobre a formação da masculinidade na sociedade ou a perda dela.
O filme dirigido por David Fincher não fica atrás da maravilha que o livro é. Vale muito a pena conferir as duas verses, livro e filme, mas leia primeiro o livro. O "Clube da Luta" é um livro estranho do qual você com certeza irá se apaixonar. Sua história é estranha e surreal, ao mesmo tempo cativante. O humor encontrado no livro fará você rir com certeza, mas você se sentirá um pouco mal por isso. Um livro com uma história louca e uma observação crítica a formação da masculinidade na sociedade.
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