Conectadas Resenha

★★☆☆☆

Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.

Catfish é quando uma pessoa engana outra na internet fingindo ser alguém que não é (ou é algo parecido com isso), esse clichê é muito batido em livros, no cinema e na televisão e infelizmente isso empobreceu demais a obra, esse talvez seja o maior ponto negativo de 'Conectadas'.

A autora Clara Alves criou um jogo chamado Féericos, uma ideia que ela teve para um livro de fantasia, que foi colocado aqui em 'Conectadas'. O game é bastante palpável na trama, ainda que não seja seu foco, o seu universo é algo curioso de visitar. O jogo além deixar o clima geek mais pesado, traz uma crítica ao machismo dentro do mundo dos games.

Os capítulos do livro se alternam de acordo com as narrativas em primeira pessoa de Ayla e Raíssa, essa escolha faz um grande diferencial na história, pois o leitor consegue entender claramente os dois lados da trama e os conflitos de cada uma.

'Conectadas' é bem clichê, mas a autora Clara Alves desenvolve bem os problemas familiares e pessoais das personagens além do romance em si, o que torna a história muito mais rica, mas nada é aprofundado tratando temas e desenvolvimentos superficialmente. Apesar do livro ser mais do mesmo, a autora apresenta algumas reviravoltas na história que não deixam a trama parada.

Clara Alves teve muito cuidado ao abordar a sexualidade dos personagens nessa história. Sabemos o quão importante é se sentir incluído nos livros e se reconhecer em um personagem. Um ponto muito positivo que eu achei do livro, é que os personagens principais não são héteros, elas também não são brancas 'Conectadas' dá um bom exemplo de diversidade no mundo literário.

Outro ponto que eu achei muito legal foi que a autora aborda diferentes origens em suas personagens, que talvez muitos leitores não tenham o hábito de ler nos livros, como as origens japonesas e indígenas de Ayla e Raíssa. Ainda que essas origens tenham sido pouco aprofundadas na história, isso contribui demais na diversidade e na originalidade da obra.

O romance entre Ayla e Raissa além de um bom clichê, é também bem previsível. O livro oferece uma trama bem amarrada e simples, a escrita da autora é bem fluida, porém a simplicidade é algo negativo nessa obra. 'Conectadas' por ser pouco aprofundado e simples demais acaba deixando a sua leitura muito esticada e lenta.

Na edição que li, uma coisa me incomodou um pouco durante a leitura, foram as inserções dos diálogos entre as personagens, nas salas de bate-papo do jogo e trocas de mensagens, que não respeitaram a mesma datação dos capítulos narrados. Isso deixou a leitura um pouco confusa, de início eu demorei um pouco para entender, mas a ideia ajudou a embelezar as páginas por conta da diagramação feita.

'Conectadas' não afunda o pé e nenhum tom, deixado a obra muito morna, nada é narrado de forma muita dramática ou até mesmo sentimental, de uma forma negativa achei tudo muito leve, ainda é possível o leitor sentir um calor no coração e suspiros de amor (risos). Se você está procurando uma história leve e rápida, 'Conectadas' é a leitura ideal para você.

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