Duas Vidas Resenha
- Vinicius Monteiro
- 19 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2024

★★★★☆
Baudouin e Luc são irmãos, Baudouin leva um dia a dia sufocante em um emprego monótono como jurista e com um chefe detestável. Luc, por outro lado, é um espírito livre, que viaja o mundo praticando medicina. Quando Luc volta a Paris por alguns dias, ele faz de tudo para tirar o irmão mais novo da inércia e mostrar a ele o que a vida tem a oferecer. Mas o que finalmente convence Baudouin é a descoberta de um tumor e a perspectiva de que lhe restam apenas poucos meses de vida. Baudouin, então, resolve deixar tudo para trás e parte com o irmão em uma jornada de autodescoberta.
'Duas Vidas' tem um ritmo legal e tenta passar uma mensagem importante, mas de uma forma geral ela é bem rasa e com soluções risíveis e implausíveis, aquele tipo de história bobinha. O personagem Baudouin é difícil de acompanhar, além de não tomar praticamente nenhuma ação, a trama o salva com soluções mágicas para os problemas da sua vida.
A história é idêntica a qualquer filme de autoajuda que você já viu: personagem recatado numa vidinha sem graça. Resolve jogar tudo para o alto e aprende a ser feliz. Durante a leitura desse quadrinho faltou se aprofundar mais no psicológico desses personagens. É possível fazer várias reflexões com 'Duas Vidas', mas a obra é simples e rasa com sua proposta.
A utilização de flashbacks intercalados com as continuações do texto servem para que o leitor entenda as motivações do que levou Boudoin a ser como foi primeiramente apresentado. São nesses momentos que talvez o leitor se identificará com o personagem.
Quando a história está no presente ela deixa um pouco a desejar, parece aqueles enredos de filme clichê, além de trazer momentos de machismo bem chatinhos, inclusive isso estragou de maia a experiência da leitura de 'Duas Vidas'. A história de amor entre dois irmãos é que traz um ar inovador ao quadrinho nesses momentos, ela é simples, tocante e sincera.
A arte é decente, bonita e agradável e traz um traço cartunesco e fino encontrado em alguns artistas franco-belgas como Guy Delisle. Nos flashbacks a arte ajuda a destacar o agora do antes com em tons mais amarelados, como de câmeras antigas, e o presente possui cores mais fortes.
'Duas Vidas' é o tipo de literatura ótima para quem não conhece histórias (sem heróis) nesse formato. A obra também é uma ótima escolha para quem está em “ressaca” literária. O tema é clichê e o roteiro previsível, mas é uma HQ agradável de ler.
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