Garfield: Fora de Casa Crítica Cinematográfica
- Vinicius Monteiro
- 23 de jan.
- 3 min de leitura

★★☆☆☆
Em Garfield: Fora de Casa, o amado gato de estimação laranja (Chris Pratt) está de volta para mais uma aventura inesquecível: após reencontrar seu pai, o gato de rua Vic (Samuel L. Jackson), que não via há muito tempo, Garfield e o cãozinho Odie acabam se envolvendo em um arriscado assalto.
Concebido pelo talentoso Jim Davis em 1978, Garfield, o icônico felino obeso, conquistou multidões de todas as idades com suas tirinhas hilárias. Atingindo o ápice de sua fama nos anos 80, o gato laranja tornou-se um fenômeno cultural, invadindo lares e corações. A perenidade de Garfield no imaginário popular poderia sugerir um sucesso garantido nas telonas, mas 'Garfield: Fora de Casa' desapontou, revelando-se mais uma tentativa falha de traduzir a magia das tiras para o cinema.
A transição da linguagem gráfica das histórias em quadrinhos para a dinâmica visual do cinema exige uma adaptação cuidadosa. A nova animação de Garfield, embora mantenha a paixão do personagem pela lasanha, apresenta uma personalidade mais amena, buscando atrair um público mais amplo. Ao suavizar algumas das características mais marcantes do gato mais preguiçoso do mundo, 'Garfield: Fora de Casa' se distancia da irreverência das tiras originais e se posiciona como uma introdução acessível para aqueles que nunca tiveram contato com o universo do felino laranja.
O filme, em uma tentativa desesperada de se manter relevante, descarta a essência do personagem em prol de uma fórmula superficial e direcionada ao consumo imediato. A atualização forçada para os tempos modernos, com Garfield utilizando aplicativos de delivery e consumindo conteúdo em plataformas de streaming, serve apenas como pretexto para uma exibição ostensiva de marcas e piadas fáceis e previsíveis. A referência a um 'Catflix' é apenas mais um exemplo de como a produção se apega a modismos passageiros, em vez de construir um humor inteligente e atemporal.
A voz icônica de Garfield, tão associada ao personagem quanto sua paixão por lasanha, passou por diversas interpretações ao longo dos anos. Enquanto atores como Bill Murray aportaram um certo desdém à personagem, alinhado com a personalidade original de Garfield, foi Lorenzo Music quem moldou a voz mais duradoura e querida do felino, presente em especiais de TV e na série animada. No entanto, a recente adaptação cinematográfica, 'Garfield: Fora de Casa', trouxe uma nova roupagem vocal, com Chris Pratt assumindo o papel. Embora o ator demonstre empenho, a escolha parece destoar do tom tradicional da franquia. A falta de material cômico criativo e original, somada à narrativa genérica, pode ter limitado o potencial de Pratt, tornando sua performance menos memorável que as de seus antecessores.
A produção reuniu um elenco de vozes renomadas para dar vida aos diversos personagens digitais. Nomes como Hannah Waddingham, Ving Rhames, Cecily Strong, Harvey Guillén e Snoop Dogg enriquecem o repertório sonoro. Samuel L. Jackson, em particular, assume o papel de pai de Garfield, entregando uma performance competente. No entanto, mesmo com um elenco tão talentoso, a trama previsível e os clichês do gênero não conseguem elevar o filme acima da média.
Sob a direção de Mark Dindal, conhecido por 'A Nova Onda do Imperador', a animação de 'Garfield: Fora de Casa' apresenta uma evolução notável. As expressões faciais e a textura da pele do felino foram aprimoradas, resultando em uma estética híbrida, que equilibra com maestria os traços dos quadrinhos com a modernidade do CGI. Entretanto, essa conquista visual é ofuscada por uma narrativa frenética e desfocada, que contrasta com a essência do personagem. Ao invés de explorar as comédias do cotidiano, o longa opta por uma aventura agitada e caótica, comprometendo a identidade do icônico gato preguiçoso.
Infelizmente, 'Garfield: Fora de Casa' se revela mais um produto formulaico, buscando apelar ao público infantil de forma superficial. A animação, desprovida de criatividade, transforma Garfield em um personagem genérico e repetitivo. Com humor infantil e previsível, o filme dificilmente cativará espectadores mais velhos. A sugestão é clara: economize seu tempo e procure por opções mais interessantes.
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