Não Vamos Pagar Nada Crítica Cinematográfica
- Vinicius Monteiro
- 21 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de nov. de 2024

★★☆☆☆
Inspirada na comédia italiana "Non Si Paga! Non Si Paga!" de Dario Fo, a peça encontra um eco poderoso na realidade brasileira. Os desafios enfrentados pelos personagens italianos, marcados pela crise econômica e a luta por direitos, ressoam fortemente em um país que convive com a alta dos preços, o desemprego e a insegurança alimentar.
Antônia (Samantha Schmütz) é uma mulher simples que, apesar de desempregada e cheia de dificuldades para pagar as contas, não perde o bom humor. Quando, indignada com o aumento dos preços no único mercado do bairro, ela faz um escândalo. Antônia acaba contagiando outros clientes e causando um reboliço em que saqueam o mercado e se recusam a pagar. Agora, ela vai precisar de muito jogo de cintura pra justificar suas atitudes para o marido.
O roteiro, com suas soluções clichês e enredo previsível, explora estereótipos como conjuntos habitacionais, bicheiros e milícia, buscando uma identidade nacional que soa falsa e desgastada. A estética popular é utilizada de forma superficial, sem profundidade ou originalidade. A impressão geral é de um filme preguiçoso, que não vai além de soluções fáceis e já vistas.
A comédia "Não Vamos Pagar Nada" apresenta um problema central: o humor. Algumas piadas funcionam, mas a maioria se arrasta, prejudicando o ritmo do filme. O elenco, apesar da boa química, entrega atuações caricatas e exageradas, que aliadas a um humor popular e clichê, limitam o alcance da obra a um público específico.
O ritmo narrativo do filme apresenta um desequilíbrio significativo: um início lento contrasta com uma aceleração repentina no desenrolar da trama. As resoluções apressadas do final causam estranhamento, enquanto a crítica social, embora presente, é subdesenvolvida e permanece nas entrelinhas.
"Não Vamos Pagar Nada", dirigido por João Fonseca e roteirizado por Renato Fagundes, é uma comédia que tenta compensar a falta de humor com um ritmo acelerado e atuações caricatas. A adaptação teatral, embora promissora, resulta em um filme previsível e pouco original.
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