O Mercador de Veneza Resenha
- Vinicius Monteiro
- 8 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de mar.

★★★★★
Uma divertida comédia em que Shakespeare une amor e dinheiro na Veneza do século XVI. Para ajudar o amigo Bassânio, o comerciante Antônio faz um empréstimo com Shylock, um conhecido agiota. No contrato celebrado entre eles, ficou pactuado que Shylock reduziria os juros que era acostumado a cobrar, mas a sanção estabelecida seria um bom pedaço de carne do próprio devedor, caso ele não devolvesse o dinheiro na data estipulada. Antônio assinou o contrato sem nenhuma preocupação, afinal, possuía bens para dispor caso algo acontecesse.
Embora eu tenha gostado da história de 'O Mercador de Veneza', eu não fiquei tão impressionado com o trabalho quanto esperava, essa é minha primeira leitura de Shakespeare e coloquei bastante expectativa. O autor é muito conhecido pelas situações cômicas de suas obras, e esta peça não é uma exceção dentro de sua reputação.
Eu achei os vários enredos entrelaçados de 'O Mercador de Veneza' fascinantes e bem feitos, é um conjunto de ações complexas. A visão psicológica de Shakespeare sobre o caráter humano é impressionante. Esta peça tem um enredo tenso, especialmente para uma comédia, e é uma leitura envolvente. É também uma das obras de Shakespeare mais controversas por seus comentários antissemitas e racistas, mas que também podem ser interpretados como comentários ironicamente sátiros de Shakespeare.
O personagem principal não é Antônio, o mercador de Veneza. Em vez disso, é Shylock, o agiota judeu. Eu terminei a leitura acreditando que ele foi mais injustiçado do que qualquer um que ele prejudicou. Ele é apresentado como um agiota desagradável e ganancioso. Sem dúvida, esse retrato funcionou bem em uma época de antissemitismo desenfreado, mas saí com grande simpatia por ele. Mesmo Antonio, o comerciante, é simplesmente horrível em seu julgamento de Shylock, muito mais baseado em sua raça e religião do que em suas práticas de empréstimo de dinheiro.
Como muitas das peças de Shakespeare, acusações de sexismo também são comuns, a personagem Portia tem que fingir ser um homem para fazer tudo, mas aqueles eram os tempos. Embora as personagens femininas sejam forçadas a cumprir os ditames da época, as mulheres nesta peça certamente se destacam como personagens fortes.
Ainda assim, não posso dizer até que ponto Shakespeare era um satírico versus um antissemita/racista/sexista, mas é uma prova da riqueza de suas histórias e da profundidade de seus personagens que suas obras podem ser interpretadas de forma tão diversa. 'O Mercador de Veneza' entrega uma sátira forte com um enredo fascinante e personagens muito profundamente interessantes.
Comments