O Morro dos Ventos Uivantes Resenha
- Vinicius Monteiro
- 4 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de out. de 2024

★★★★★
Único romance da escritora inglesa Emily Brontë, 'O Morro dos Ventos Uivantes' retrata uma trágica história de amor e obsessão em que os personagens principais são a obstinada e geniosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. Grosseiro, humilhado e rejeitado, ele guarda apenas rancor no coração, mas tem com Catherine um relacionamento marcado por amor e, ao mesmo tempo, ódio. Essa ligação perdura mesmo com o casamento de Catherine com Edgar Linton.
Foram necessários alguns bons anos para que a obra de Emily Brontë fosse apontada como uma literatura essencial inglesa e mundial. A autora foi rejeitada por escolher narrativas que retratavam conflitos de personalidade, discussões sobre um amor não romântico e por representar personagens que rompiam com a moralidade da época. Escolhas narrativas que fazem de 'O Morro dos Ventos Uivantes' essencial.
A característica que normalmente encontramos em narrativas góticas que exploram a intensidade de sentimentos, é visto na escrita da autora. Emily Brontë cria personagens tão maus quanto machucados, tão egoístas quanto apaixonados, ela cria a essência de personagens tão humanos e reais quanto os próprios leitores. É justamente os exageros que dão vida aos personagens Catherine e Heathcliff.
O livro é um romance que desperta inúmeras sensações, da repulsa à empatia a obra é uma montanha russa de sentimentos. Há uma complexidade nas personalidades apresentadas pelos personagens, isso me conquistou, pois não são estereótipos de pessoas, são seres humanos reais. É visível toda a humanidade de egos feridos, o peso de escolhas, passionalidade e tormentos causados por sentimentos.
O caráter complexo que reflete as atitudes e emoções dos personagens que protagonizam a trama é aparentemente narrado com uma certa confusão. Quando o Sr.Lockwood volta pede a Nelly Dean que o conte a história de Heathcliff, Nelly então vira a narradora da história e conta tudo ao novo inquilino por meio de descrições detalhadas sobre cada personagem e cada emoção que compôs essa trajetória tortuosa.
Emily Brontë constrói uma intrínseca rede de vozes que ora são meramente descritas por Nelly ora tem suas vozes plenamente assumidas. 'O Morro dos Ventos Uivantes' é quase uma história dentro da outra, pois diferentes narradores começam a tecer essa trágica história ao mesmo tempo que quem realmente está falando é Nelly, pois ela é a principal narradora.
O Morro é quase um personagem, que ajuda a compor essa história por meio dos seus cômodos e cercado por uma assombrosa história de um amor trágico. O gótico não só compõe a narrativa, mas também dá vida a essa propriedade, descrito como sendo um local velho, empoeirado e infeliz, como se a negatividade dos moradores desse um ar igualmente triste e melancólico para o casarão.
É difícil captar toda a magnitude de 'O Morro dos Ventos Uivantes' na primeira leitura. A história é pesada e os personagens não são agradáveis, esse é um daqueles livros que se destacam por serem completamente ímpares. O estilo gótico e a complexidade de personagens e da narrativa pode afastar alguns leitores, mas eu sugiro que você dê uma chance.
Fora dos padrões da época em que foi escrito, 'O Morro dos Ventos Uivantes' até hoje é capaz de chocar seus leitores, o que faz com que, mesmo nos dias de hoje, ele seja extremamente relevante. Emily Brontë aplica toda a sua veia poética em criar narrativas emocionais que provocam o leitor. É impressionante que uma escritora tão jovem tenha criado algo tão vivo e complexo. Gostando ou não, é inegável a importância de Emily Brontë.
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