O Quebra-Nozes Resenha
- Vinicius Monteiro
- 22 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de nov. de 2024

★★★★★
É véspera de Natal. Marie se encanta, dentre todos os presentes, por um quebra-nozes em formato de boneco. Ela acomoda o novo amigo no armário de brinquedos, mas à meia-noite, ouve estranhos ruídos. Aterrorizada, vê seu padrinho, o inventor Drosselmeier, sinistramente acocorado sobre o relógio de parede, e um exército de camundongos invadindo a sala, comandado por um rei de sete cabeças! Contra eles, os brinquedos saem do armário e põem-se em formação. Têm uma grande batalha pela frente, sob as ordens do Quebra-Nozes...
Esta edição da Zahar inclui a versão original de E.T.A. Hoffmann e a clássica de Alexandre Dumas. Com tradução de André Telles (do francês) e Luís S. Krausz (do alemão). Não há tanta diferença entre as duas versões, a versão de E.T.A. Hoffmann eu diria que tem um toque mais assustador, com uma atmosfera mais sombria, entrando em contraste com a versão de Alexandre Dumas que é mais amigável e reconhecível, além de trazer mais detalhamentos.
Vale apontar alguns fatos históricos que fazem a diferença na leitura. O Natal alemão e o francês se diferem em alguns pequenos detalhes: na França os presentes só são distribuídos no dia 04 de janeiro enquanto que no alemão é na véspera de Natal. Outro ponto curioso é o Papai Noel. Quem trazia os presentes para as crianças era o Menino Jesus que avaliava se as crianças tinham ou não se comportado ao longo do ano. É preciso lembrar que a ideia do Papai Noel é algo do século XX, criado para transformar o Natal em algo diferente da ideia original da reunião da família e confraternização. Hoje temos uma visão muito mais capitalista das festividades.
Essa edição da Zahar traz ainda apresentação da pesquisadora e especialista em contos de fadas Priscila Mana Vaz e mais de 200 ilustrações de época. As ilustrações dão um charme e somam muito com a história, dando um tom clássico e mágico à leitura, ainda incorporam muito a infância.
E.T.A. Hoffmann escreveu “O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos”, como uma história infantil, mas um tanto diferente do que seus contemporâneos, Irmão Grim faziam na época. Aqui os personagens principais são crianças e os brinquedos tem um papel muito importante na história. Eu indico muito essa leitura para as crianças, dependendo da idade, a leitura pode ser difícil, mas ainda aconselho.
Na trama é possível ver brigas fraternais entre os irmãos, o que pode causar uma identificação maior para as crianças. Quem não tem um irmão chato ou uma irmã enjoada com a qual se identificar? Fritz é um menino louco por exército e bonecos. Um fato curioso é o quanto os bonecos de infantaria e cavalaria faziam parte da infância dos meninos no tempo em que o livro foi escrito. É quase como se fosse incutir na criança o desejo de integrar o exército desde cedo. Percebemos isso em várias falas de Fritz. Marie é o protótipo das protagonistas de contos de fadas: inocente, ingênua e virginal, isso pode soar um pouco clichê para alguns.
A história é simples e a leitura é fluída e encantadora. Além da riqueza de detalhes, o livro incorpora muita magia em seu enredo, 'O Quebra-Nozes' é uma história mágica ideal para essa época de natal. Algumas histórias conseguem perdurar por gerações e 'O Quebra-Nozes' é uma dessas histórias. O livro é essencial, você pode achar velho demais ou até mesmo ultrapassado, mas é o famoso clássico obrigatório. A história é um conto infantil que deve ser lido por todos de qualquer idade. Recomendo para adultos e crianças!
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