Oppenheimer Resenha
- Vinicius Monteiro
- 6 de fev. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2024

Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.
Sinopse: Oppenheimer é a primeira biografia completa do “pai da bomba atômica”. J. Robert Oppenheimer foi o brilhante e carismático físico que liderou os esforços para desenvolver uma arma nuclear em favor de seu país durante a guerra. Logo após o bombardeamento de Hiroshima, tornou-se o cientista mais famoso de sua geração ― uma das figuras icônicas do século XX, a personificação do homem moderno que enfrenta as consequências do progresso científico.
Resenha: Quando o filme "Oppenheimer" de Christopher Nolan foi lançado em 2023 essa foi a primeira vez que muitos jovens encontraram a história de J. Robert Oppenheimer. O filme está sobre os ombros da exaustiva e emocionante biografia vencedora do Prêmio Pulitzer, de 721 páginas, chamada "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer", co-escrita por Martin Sherwin e Kai Bird.
Mais do que qualquer homem, J. Robert Oppenheimer representa para nós o fardo insuportável da era nuclear. O "pai da bomba atômica" foi atormentado pelas consequências de Hiroshima e Nagasaki e perseguido tanto por sua consciência quanto pelos histéricos baderneiros vermelhos em Washington. Kai Bird e Martin Sherwin, em uma biografia de 30 anos em construção, tentam desvendar as complicações de um ser humano brilhante e vaidoso.
Quando Martin Sherwin começou a entrevistar pessoas que o conheciam, ele ficou surpreso com a intensidade de seus sentimentos. Os físicos e as viúvas dos físicos, ainda estavam revoltados com a negligência casual que Oppenheimer havia mostrado à sua família.
No entanto, depois que Sherwin se mudou com sua própria família para Boston para um emprego na Universidade Tufts, ele e sua esposa Susan conheceram cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que admitiram com vergonha que seus anos trabalhando com Oppenheimer na bomba foram alguns dos mais felizes de suas vidas.
Entre as dezenas de pessoas que Sherwin também entrevistou estavam Haakon Chevalier, o antigo melhor amigo de Oppenheimer, cujos laços comunistas em parte formaram a base da inquisição contra ele e Edward Teller, cujo testemunho na audiência de 1954 ajudou a encerrar sua carreira.
Neste longo livro, não há matemática e muito pouca física. Há pouco sobre a engenharia do "gadget" testado no deserto do Novo México em 16 de julho de 1945. Em vez disso, aprendemos sobre o homem que foi de herói a vilão, e as suas duas faces são expostas por completo.
Em "Oppenheimer" estão os coquetéis, grampos e casos amorosos da existência do "pai da bomba atômica", sua aparência e conversa, a maneira como fumava os cigarros e cachimbos que o mataram, seu famoso chapéu e todos os tiques que seus alunos imitavam e os patriotas e militares desprezavam.
O texto fino é acompanhado por belas fotografias. Um deles mostra Oppenheimer na torre de Alamogordo, de perfil ao entardecer do último dia, usando seu chapéu e fazendo alterações. De repente há a abominação de Hiroshima. J. Robert Oppenheimer envelhece em um piscar de olhos. Kitty Oppenheimer, frustrada e alcoólatra, e duas crianças desnorteadas mostram sua parte no tormento.
J. Robert Oppenheimer é a pessoa mais fascinante que você conhecerá. O homem extremamente inteligente, o seu intelecto era fora do normal, mas a sua inteligência emocional era doente e fraca. Foi difícil ler esse livro, pois além do fim trágico que essa história tem, o "pai da bomba atômica" se acaba em si mesmo.
O físico teve um impacto gigantesco no mundo da física, mas em sua vida pessoal ele foi triste e incompleto. Durante a leitura eu fiquei incrédulo como todo mundo ao redor de Oppenheimer só enxergavam a sua inteligência, ninguém percebeu que confiar um projeto tão arriscado e poderoso a uma pessoa desequilibrada e emocionalmente mal desenvolvida seria um erro fatal.
"Oppenheimer" é uma leitura cheia de detalhes e muito triste. Essa biografia me fez ver que a saúde mental e a inteligência emocional é tão importante para ser desenvolvida quanto o nosso lado intelectual. O livro me mostrou que em muitos momentos relações são muito mais importantes que trabalho ou qualquer outra coisa. A vida de J. Robert Oppenheimer pode te ensinar muitas coisas, por isso deem uma oportunidade para o livro.
J. Robert Oppenheimer mostra que um ser humano não se sustenta sozinho, sem amor, carinho, sem uma relação saudável e genuína com outras pessoas, o mental e o emocional é saúde também. "Oppenheimer" é pesado, interessante e profundo. Kai Bird e Martin Sherwin entregam uma teia de informação muito bem amarrada, sem deixar dúvidas ou perguntas no leitor. Um ótimo livro, e eu recomendo demais.
Nota: 10
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