Pinóquio (2022) Crítica Cinematográfica
- Vinicius Monteiro
- 13 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
★★☆☆☆
No longa dirigido por Robert Zemeckis, Gepeto (Tom Hanks), é um carpinteiro que constrói um boneco de madeira que se chama Pinóquio (Benjamin Evan Ainsworth). Gepeto trata o boneco como se fosse seu filho de verdade e devido ao seu amor genuíno pelo boneco, a Fada Azul (Cynthia Erivo) concede o desejo do carpinteiro de fazer com que Pinóquio fale, mas que não se transforme em um menino de verdade. Após ganhar vida, Pinóquio é instruído pelo Grilo Falante (Joseph Gordon-Levitt), atuando como "consciência" para o boneco que se mete em uma aventura. Em meio a sua jornada, Pinóquio conhece João Honesto (Keegan-Michael Key), Sofia a gaivota (Lorraine Bracco) e o Cocheiro (Luke Evans).
A mais recente incursão da Disney no universo dos remakes live-action de seus clássicos animados se encontra em um limiar criativo incômodo, oscilando entre a reverência às suas raízes adoradas e a ambição de se reinventar para o público contemporâneo. Nesse equilíbrio delicado, linhas de diálogo familiares coexistem com um humor sarcástico, buscando uma modernização que nem sempre se harmoniza com a essência original.
A visão de Robert Zemeckis, ao transpor para as telas o romance infantil italiano e a icônica animação de 1940, revela uma fidelidade inegável ao material de origem. Contudo, essa adaptação também se aventura em novas canções e referências à cultura pop, que, em sua maioria, soam deslocadas e forçadas, com exceção de um momento de humor que se destaca.
A versão de "Pinóquio" de Robert Zemeckis, ao expandir a metragem original de 88 minutos para 111, tece uma nova camada à já conhecida tapeçaria da história, ainda que com um toque de excesso. A adição de Sofia, uma gaivota perspicaz dublada por Lorraine Bracco, injeta um novo dinamismo ao enredo. A trilha sonora, enriquecida por canções inéditas de Glen Ballard e Alan Silvestri, embora de qualidade mediana, preserva a essência das melodias clássicas. Kyanne Lamaya, uma revelação no elenco, destaca-se como uma marionetista que estabelece um vínculo com Pinóquio, agregando profundidade à narrativa. A decisão de aprofundar a história de Gepeto, explorando seu luto pela perda de um filho e esposa, surge como um artifício questionável, considerando a capacidade de Tom Hanks de evocar emoções complexas sem tais artifícios.
Enquanto o clássico original, com sua primorosa técnica de animação desenhada à mão, evocava um sentimento de admiração e deleite em cada quadro, esta adaptação digitalizada, com seu protagonista desprovido de emoção e olhos arregalados, parece deslocado da realidade, predispondo-se a gerar pesadelos nas mentes infantis. Onde o original resplandecia com sua audácia e inventividade, as poucas inovações aqui presentes parecem forçadas, concebidas para agradar à nova geração de cinéfilos, ou, em sua maioria, revelam-se desanimadoras.
Tom Hanks, outrora aclamado por sua versatilidade, volta a interpretar um personagem excêntrico, à semelhança de seu papel em "Elvis", desta vez com um sotaque que beira o caricatural. Na pele de Gepeto, o ator se vê confinado a um monólogo solitário, interagindo com um amontoado de pixels, uma atuação que palidece diante de sua memorável performance em "Náufrago", onde sua relação com Wilson, a bola de vôlei, transbordava em credibilidade e emoção.
Apesar de ser uma releitura de um conto clássico, a nova versão de Pinóquio falha em reacender a magia da história original. O filme, que se propõe a trazer um boneco de madeira à vida, paradoxalmente, parece carecer de alma. A tentativa de reinventar a narrativa, embora adornada por visuais deslumbrantes, resulta em uma experiência familiar e previsível. Ao remover elementos essenciais que consagraram a obra original, o filme se distancia da essência que a tornou atemporal. Em vez de uma nova perspectiva, Pinóquio se apresenta como uma mera repetição, onde os elementos fantásticos, embora visualmente impressionantes, não conseguem mascarar a falta de originalidade e o distanciamento da alma da história original.
Comments