Quase uma Rockstar Crítica Cinematográfica
- Vinicius Monteiro
- 3 de jan.
- 2 min de leitura

★★★☆☆
Amber Appleton (Auli'i Cravalho) tem dezessete anos e está no ensino médio. Ela mora em um ônibus escolar junto com a sua mãe alcóolatra e seu leal vira-lata, Bobby Big Boy, após serem expulsas de casa pelo ex-namorado da mãe. Mesmo tendo uma vida difícil, a jovem mantém a sua boa energia e otimismo, focando em ajudar as pessoas ao seu redor. Quando uma tragédia ocorre em seu mundo, a vida da jovem é drasticamente afetada, mudando sua maneira de enxergar as coisas.
Em cada filme, Brett Haley tece uma narrativa acolhedora que envolve o espectador em um caloroso abraço. Sua habilidade em manipular as emoções do público é notável, sem cair em excessos melodramáticos. Haley demonstra uma sensibilidade única para os clichês, transformando-os em momentos autênticos que ressoam com o público. Seus filmes, embora muitas vezes baseados em premissas familiares, sempre revelam uma profundidade inesperada. Ao evitar diálogos expositivos e confiar em imagens poderosas, Haley transmite mensagens complexas de forma elegante e direta, elevando seus trabalhos acima da média.
A performance de Auli'i Cravalho em “Quase uma Rockstar” é simplesmente magnética. Seja nos momentos de pura energia ou nas cenas que exigem uma profundidade emocional, a atriz demonstra um domínio impressionante. É graças a ela que o filme se mantém envolvente, especialmente nas partes mais dramáticas. Cravalho consegue transmitir a complexidade de sua personagem com uma sinceridade que nos comove. A decisão de explorar não apenas sua voz, mas também sua capacidade de atuação, foi um acerto absoluto e revela uma atriz com um futuro promissor.
A tentativa de Haley, Quick e Marc Basch de abarcar uma gama tão ampla de temáticas em “Quase uma Rockstar” resulta em uma narrativa fragmentada e pouco aprofundada. A pobreza, os problemas com álcool, a família disfuncional, a amizade e o romance se entrelaçam de forma desordenada, dificultando a identificação do público com os personagens e suas jornadas. As reviravoltas, muitas vezes absurdas e pouco convincentes, somam-se à falta de foco, tornando o filme previsível e distante da realidade. O início cuidadoso da trama contrasta com o desenrolar superficial do segundo ato, que se perde em clichês e soluções fáceis, comprometendo a sensibilidade e a profundidade que o filme poderia alcançar.
A sensibilidade de Haley confere ao filme uma profundidade que o distingue dos dramas adolescentes convencionais. No entanto, à medida que a trama se desenrola, a atmosfera realista que inicialmente envolve a história se dilui gradativamente, dando lugar a elementos mais fantasiosos e típicos da adolescência. Essa transição abrupta compromete a coesão narrativa, deixando o espectador indeciso entre os dois mundos.
"Quase uma Rockstar" é uma obra que se destaca pela qualidade da atuação e pela rica ambientação, mas sofre com um roteiro que, apesar das boas intenções, acaba se perdendo em um acúmulo de infortúnios. A jornada de Amber, embora comovente, é previsível e o final, embora edificante, deixa um gostinho de vazio. Um filme que promete muito, mas não consegue entregar uma experiência totalmente satisfatória.
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