Vinland Saga Volume 22 Resenha
- Vinicius Monteiro
- 31 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de abr.

★★★★☆
O volume 22 de Vinland Saga nos leva mais fundo na intrigante jornada de Thorfinn, agora envolvido nas complexidades da política e da guerra em Jomsborg. A região do Mar Báltico, com Jomsborg como epicentro, é palco de intensas batalhas. Os Jomsviking, o exército mais poderoso do Norte, estão no centro desses conflitos. Thorfinn se vê obrigado a enfrentar Garm, um guerreiro feroz que busca confrontar os mais fortes. Este desafio coloca em xeque o juramento de Thorfinn de não mais matar. A disputa pela liderança do exército Jomsviking chega ao clímax, com Thorfinn envolvido em uma trama maior que a sua busca por vingança.
A narrativa do mangá se inicia com uma imagem impactante: um soldado, anônimo e à beira do abismo, roubando a cena com a intensidade de seus últimos momentos. Aquele instante, carregado de dor e incerteza, me fez refletir sobre a natureza humana diante da finitude. O que nos acomete nos instantes finais? Que lembranças, medos e esperanças nos assombram? A cena, em sua nudez e beleza crua, me proporcionou uma experiência catártica, convidando à introspecção e à ponderação sobre a própria existência.
A confrontação entre Thorfinn e Garm, embora visualmente impactante, deixou um gosto agridoce. A expectativa por um desfecho definitivo para a saga de Garm era imensa, mas a narrativa optou por uma resolução que, para mim, subutiliza o potencial do personagem. Introduzido com uma aura de mistério e perigosidade, Garm se tornou, ao longo da história, uma figura unidimensional, presente apenas para servir como obstáculo aos protagonistas. Sua presença, embora intensa nos momentos de combate, acabou por se tornar repetitiva e frustrante, tornando seu fim abrupto ainda mais decepcionante.
O vigésimo segundo volume de 'Vinland Saga' nos presenteou com um aprofundamento na história de Garm, revelando um passado que ecoa semelhante a infância atormentada do Sr. John Vagabond. Essa habilidade de construir personagens complexos e multifacetados é uma das maiores qualidades da obra de Makoto Yukimura. Contudo, apesar da riqueza de detalhes sobre seu passado, Garm ainda se mostra um personagem relativamente plano, carente de uma profundidade emocional que o tornasse verdadeiramente memorável.
O desfecho, embora esperado, não deixou de provocar uma profunda melancolia. A trajetória de Thorfinn sempre indicava um confronto final com os Jomsvikings, e sua ascensão ao poder tornou esse desfecho inevitável. Contudo, a concretização dessa jornada, tão almejada e árdua, trouxe consigo um sentimento agridoce. A queda de Floki, figura central em sua vida e causa de tanto sofrimento, encerra um ciclo importante, mas também marca o fim de uma era. A sensação é de que um capítulo crucial da vida de Thorfinn se fechou, deixando um vazio existencial que, por mais esperado que fosse, ainda assim pesa sobre o coração.
A comédia de Thorkell alcançou seu ápice com a espirituosa referência ao clássico do cinema 'O Iluminado', um toque de genialidade que me arrancou boas risadas. No entanto, a introdução do colossal Ymir, a criatura grotesca concebida por Floki como uma arma de guerra, me deixou um tanto perplexo. A figura híbrida, entre o humano e o simiesco, embora visualmente impactante, destoou do realismo cru que caracteriza a narrativa de 'Vinland Saga'. A atmosfera fantasiosa e a aura de ficção científica que envolvem Ymir, embora interessantes, não se integraram de forma totalmente harmoniosa ao universo medieval da série, gerando uma certa dissonância em relação ao tom geral da trama.
O clímax do vigésimo segundo volume de 'Vinland Saga' é marcado por uma declaração de amor de Gudrid a Thorfinn, num momento de ternura que contrasta com a brutalidade que permeia a narrativa. A conclusão do arco, satisfatória e emocionante, demonstra a evolução de Thorfinn, que demonstra sua capacidade de resolver conflitos de forma pacífica, mesmo em um ambiente hostil e violento. A obra de Makoto Yukimura equilibra momentos de leveza e humor, como os monólogos introspectivos de Thorfinn e as interações com Gudrid, com a dura realidade da guerra, representada pela trágica morte do Viking que almejava alcançar Valhalla. A jornada de Thorfinn em busca de paz continua, e o leitor aguarda ansiosamente os próximos desenvolvimentos.
A cada nova leitura, a sensação de fascínio se renova. A trama, meticulosamente arquitetada, nos presenteia com uma experiência narrativa única. A arte, exuberante e detalhista, eleva a imersão a outro patamar, convidando-nos a explorar cada quadro como se fosse uma obra de arte em si. A construção dos personagens é impecável, com nuances psicológicas que os tornam verossímeis e cativantes. A complexidade de suas motivações nos desafia a questionar o bem e o mal, tornando a leitura ainda mais enriquecedora.
Comments