Vinland Saga Volume 24 Resenha
- Vinicius Monteiro
- 13 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de abr.
★★☆☆☆
Após uma jornada intensa marcada por batalhas e perdas, Thorfinn e seus companheiros finalmente retornam à Islândia, mais ricos do que nunca, graças aos lucros obtidos no comércio com o Império Bizantino. A vida de guerra parece ter ficado para trás, e um novo capítulo se inicia para o protagonista.
De volta à sua terra natal, Thorfinn e Gudrid se unem em matrimônio, selando um amor que floresceu em meio às adversidades. A união representa não apenas um novo começo para o casal, mas também um passo crucial em direção ao sonho de ambos: alcançar a lendária Vinland, a terra prometida.
Com os recursos financeiros e a bênção do casamento, os preparativos para a grande viagem ganham força. A expectativa cresce a cada dia, e a esperança de uma vida pacífica e próspera em terras desconhecidas guia os passos de Thorfinn.
No entanto, o caminho até Vinland não será fácil. Apesar de terem acumulado uma fortuna e superado inúmeros obstáculos, novos desafios surgirão. A adaptação à vida civil após anos de guerra, a construção de um novo lar e a incerteza do futuro são apenas alguns dos obstáculos que Thorfinn e Gudrid precisarão enfrentar.
A tão almejada paz, fruto de uma jornada marcada pela dor e pela violência, finalmente parece estar ao alcance de Thorfinn. No entanto, a tranquilidade externa contrasta com a tempestade interior que o assola. O início do volume nos confronta com a persistência de seus pesadelos, revelando que a sombra do passado continua a persegui-lo, impedindo-o de alcançar a completa libertação do horror e da sede de vingança que o marcaram.
O 24º volume de 'Vinland Saga' marca uma mudança significativa de ritmo, trocando as batalhas épicas por uma rotina mais pacata. Acompanhamos Thorfinn e seu grupo em tarefas cotidianas, como a organização da comunidade e a negociação de acordos comerciais. Embora a nova perspectiva ofereça um vislumbre interessante da construção de uma sociedade, a ausência de conflitos mais intensos pode tornar a leitura um pouco monótona para aqueles que apreciam a ação característica da série.
A serenidade inicial de 'Vinland Saga' é abalada pela chegada de Halvar, uma figura complexa que desafia as normas de gênero. Nascido homem, mas criado como mulher para escapar da brutalidade da guerra, Halvar encarna a luta interior entre a identidade imposta e a essência pessoal. Sua força física, herdada do pai, contrasta com sua identificação feminina, criando um personagem multifacetado que explora temas profundos sobre natureza, criação e o significado de ser homem ou mulher em um mundo violento.
Para preservar a experiência dos leitores que ainda não chegaram à parte onde Halvar é introduzido, evitarei detalhes sobre a personagem. No entanto, é importante destacar que a inclusão de uma personagem trans em 'Vinland Saga' é um passo positivo para a representatividade. Contudo, para mim, essa adição não se encaixou organicamente na narrativa, destoando um pouco do tom geral da obra.
A pausa na trama épica de 'Vinland Saga' para a introdução de Halvar e a exploração de temas contemporâneos desequilibra a narrativa, que antes se concentrava em questões existenciais e filosóficas intrínsecas à jornada do protagonista. A tentativa de conciliar a história viking com elementos alheios a esse contexto resulta em um personagem que, embora bem construído individualmente, parece inserido à força no universo da obra, fragilizando a coesão narrativa e a imersão do leitor.
Neste volume, a narrativa aprofunda a jornada introspectiva de Gudrid, revelando uma mulher dividida entre a admiração por Hild e a busca por sua própria identidade. A habilidade e inteligência de Hild, em contraste com as incertezas de Gudrid, intensificam os sentimentos de autoquestionamento da protagonista, desencadeando uma crise existencial que promete moldar seu futuro. O mangaká Makoto Yukimura, com maestria, explora as complexidades da psique feminina, convidando o leitor a refletir sobre os desafios e as aspirações de mulheres em um mundo dominado por valores patriarcais.
No volume 24 de 'Vinland Saga', testemunhamos a culminância da jornada de redenção de Thorfinn. Após anos consumido pela violência e pela sede de vingança, o protagonista encontra, enfim, a paz interior ao abandonar seu passado tumultuoso. A transição para uma nova vida, marcada pela esperança e pela busca por um futuro mais pacífico, é simbolizada por sua decisão de proibir a entrada de qualquer tipo de arma em seu grupo, demonstrando um amadurecimento significativo e um compromisso inabalável com a não violência.
O desfecho deste volume é decepcionante, com uma narrativa pouco envolvente e personagens secundários introduzidos de forma superficial e desinteressante. A inclusão de uma personagem trans, embora louvável, foi tratada de maneira desrespeitosa e apressada, parecendo mais um cumprimento de cota do que uma representação genuína. Essa abordagem superficial compromete a qualidade da obra e a torna incompatível com o padrão de excelência estabelecido nos volumes anteriores. É lamentável que uma série tão aclamada como 'Vinland Saga' tenha apresentado um desvio tão significativo em sua qualidade.
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